terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ciranda das Letras: Em busca da identidade feminina através da leitura.



“A leitura é uma expressão política”.
“Através dela podemos exercer nossa cidadania”.

Falas como estas remetem ao pensamento da importância da leitura como subsidiária da construção do indivíduo. Nossas leituras significando a constituição de nossos saberes, nossas memórias e pode proporcionar a libertação de nossos quereres e, consequentemente, nossos posicionamentos diante do dito, do visto.
A leitura transformada em instrumento de ação cidadã.

De que maneira se pode construir a consciência da pluralidade feminina através da leitura?

Pensando neste processo criamos o Projeto Ciranda das Letras que busca formar leitoras e através de suas múltiplas leituras, transformar idéias em ações, elucidando caminhos para a construção de leituras próprias de mundo, assim como incentivar a integração de mulheres na luta contra a exclusão social e a partir da auto descoberta de sua identidade, a mulher se reconhecer como representante legítima da construção de sua cidadania.

No momento em que se dá a importância da educação continuada principalmente em países em que a erradicação do analfabetismo ainda é produto de ações do Estado, a mulher continua em posição estratificada nas relações sociais, em vista disso, percebemos que através de um projeto de leitura, é possível alcançar um intercâmbio de informações culturais com as participantes, conseqüentemente refletir sobre o papel da mulher na construção de uma sociedade mais justa e então buscar confrontar e contestar as distribuições de poder existentes: buscar um melhor acesso à educação, à saúde física e mental, uma crítica a mídia pela superficialidade com que tratam os temas, e se fortalecer contra a violência e a ausência de cidadania imposta. É a importância da informação como instrumento de poder para a construção da memória, do conhecimento e da identidade.

Este é um projeto aberto a todas as mulheres, em especial a mulher lésbica que há muito vem sendo estigmatizada nas discussões acerca das identidades femininas.

Vale observar que desde o início do Movimento Feminista, a sociedade machista as acusa de odiarem os homens e as reivindicações são frutos de sua orientação sexual desviada do papel que a mulher deve desempenhar: a mulher concebida e criada para as funções domésticas e de procriação. Em vista disto muitas feministas isolaram as questões lésbicas em busca do afastamento do que consideraram estigma.

Com o exposto percebemos que através da leitura podemos buscar subsídios para discutir não só a lesbianidade local ou externa, como também refletir sobre a questão da educação feminina no Brasil e as conseqüências advindas da não orientação adequada ao papel social desempenhado pela mulher em nossa sociedade.

Para tanto apontamos algumas provocações que terão relevância em nossas leituras:
• Em busca da identidade:

O feminino é bonito. Somos mulheres que gostamos de mulheres. Não precisamos construir artificialismo nem confundir orientação com identidade já que esta última no imaginário social vê a lésbica como mulher que se comporta igual aos homens, de forma masculinizada. O que para algumas acaba por se transformar numa forma de transgredir e assumir publicamente sua lesbianidade, inclusive reproduzindo os discurso de gênero, isto é, prevalece o masculino e há o apagamento do feminino.

• A mulher estigmatizada

No imaginário social as mulheres são passivas nas relações sexuais.

• A amor como construção cultural

As mudanças sociais ocorridas a partir dos movimentos de minorias eclodiram nos anos de 1970 no Brasil e a revolução sexual surgiu em meio às várias reivindicações interferindo inclusive na estrutura familiar, o que culminou nos questionamentos do papel da mulher na sociedade.

• Um lugar para se expressar

Todos sabem que não existem muitos lugares somente para meninas. E, aqueles que estão disponibilizados, são estereotipados.

Queremos oferecer um lugar onde construir uma identidade saudável sem os fantasmas sociais que rondam nosso cotidiano: ser ou não ser, eis a questão.


Esperamos com o projeto:

Instrumentalizar a mulher para se constituir em elemento transformador de leitura e interpretação de textos literários ou não;

A mulher enquanto escritora de sua memória e não simples leitora de sua história;

Através dos múltiplos olhares, construir seu próprio texto e então sim, tornar-se leitora da própria escrita.


Contamos com vocês mulheres para o sucesso de nosso empreendimento!


Márcia Ribeiro

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