Por Márcia Ribeiro
13 de outubro de 2008.
12 de outubro, um domingo especial. Dia da Padroeira do Brasil – para quem não sabe, Nossa Senhora Aparecida. Dia das crianças também. Aliás, não sei porque. Acho que todo dia é dia de crianças. Mas não vou falar de nada disto. Um dia especial ou se revelaria assim, porque é dia de Parada Gay. Parada do Rio.
A partir deste trecho precisarei escolher sobre o que falar: sobre diversidade – e isto quer dizer o respeito às meninas e meninos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo (viva o LGBT!)? Ou falar da Lei (n° 2.475/96 e outras) sobre discriminação homossexual (isto inclui os outros membros da sigla, viu gente, o LBT). Não! Vou falar do brilho, aquele que propõe uma busca ou a falta dela.
Um belo dia de domingo. Combinamos o encontro na Estação das Barcas. Pessoas desconhecidas, meras conhecidas, amigas, meras amigas. Todas lá.
E a Parada estacionada no Posto 6 em Copacabana nos aguardando.
O metrô da Carioca também estava lá nos esperando. Pagamos, entramos e a chamada de ordem: “eta, eta, eta, eu gosto é de rimar!”.
Um domingo atípico no metrô da Carioca. Muitas pessoas, a maioria indo a direção a Arcoverde. As meninas estavam animadas. Todas. Uma comentou, brincando:
_ Nossa! Mulher beijando mulher pode isso? Mulher com mulher vocês sabem, né.
Outra disse:
_Qual nada. Acho ótima a invasão das “pererecas”. Quero que o mundo acabe em “pereca” pra eu morrer afogada no líquido.
Finalmente, chegamos ao destino, ufa! E mais uma vez a chamada de ordem: “eta, eta, eta, eu gosto é de rimar!”.
Ora, ora! Esta autora descobre, finalmente saindo do transe auto-imposto (e não perguntem o porquê), que é a única a conhecer nada da maioria do grupo.
Bem, vamos à Parada!
Na realidade não vou (e nem quero) falar da Parada. Vou falar de pessoas. Pessoas que fazem a Parada, ou melhor, dizendo, os brilho-parada. Aquelas pessoas várias que estavam ali por variados motivos. Talvez o principal deles fosse a diversão, não a diversidade. Muito brilho houve. E pessoas diferentes. E o que chamou a atenção (da autora, vamos deixar claro): o sentimento de algumas, contrárias aos chatos discursos (grande retórica!).
Eu vi o brilho de tristeza daquela que queria beijar e não beijou.
Eu vi a perdida se perguntando o que estaria fazendo ali. Talvez ela não estivesse pedida e sim entediada, vai se saber...
Eu vi a menina-brilho só querendo se divertir.
Eu vi a panfletista fazendo a propaganda de sua festa.
Eu vi a descolada em sua autopromoção. Vi também a que só falava com as amigas.
Eu vi a militante querendo discursar e não conseguir _ ela ficou chateada. Até eu ficaria. Afinal, seguíamos um carro de mulheres e não ouvimos as mulheres. Onde estão as mulheres?!
Eu vi muitas paqueras e paqueras de paqueras. Então perguntam _ o que é paquera de paquera?
_ Paquera de paquera significa não estar querendo ninguém. Apenas mostrando o olhar de interesse que não significa nada além do querer se mostrar. Entenderam? Não? Nem eu. Acho que é o brilho.
Houve até aquela que mostrou os peitos, e não me perguntem o motivo. Não saberia responder.
E o ciúme, ah! O ciúme. Destrói qualquer momento...
E a volta pra casa...Antes, muita cerveja, papos, cochichos (fala de mim que eu pensarei em você, estas coisas). Uma proposta: _ vamos todos ficar bêbados e dançar até cair. Então, o cansaço e como disse, a volta. E o sentimento...De nada. Só brilho. Ofuscante brilho.
Moral da história. Fica a pergunta no ar, aliás, duas: e o motivo de estarmos ali para lutar pelo direito de expressar o amor? Encerra-se no simples ato de beijar, como o berrado de um gogó estridente masculino. Berro advindo do carro-brilho, de um palco-brilho?
_ E agora, para mostrar que este é o nosso dia vamos todos nos beijar. Mostrar pro mundo que somos gente, gente! (nossa!).
E onde estariam as mulheres com seu grito libertário: somos mulheres, lésbicas e exercemos os deveres cidadãos. Portanto, exigimos o direito de existirmos e o respeito ao direito de exercermos. Talvez estivessem ali, não sei. Apenas descrevo o que vi, brilho.
Portanto, faço um brinde a Brilholândia. Afinal, ela merece nosso respeito por ser um enigma, uma cidade de busca, um simples brilho. Mesmo assim, merece um brinde, no mínimo por ser divertida. E vamos à chamada de ordem (divertida, eu achei): eta, eta, eta, eu gosto é de...Rimar!!!
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Mais um episódio de Brincando na Brilholândia: Um brinde a ela
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Conversas de botequim - Crônicas
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